Uma Jornada através das Manifestações Humanas
Edo Rocha Arquiteturas | A arte, uma expressão intrínseca à condição humana, desdobra-se em uma vasta rede de sentimentos, emoções e conhecimento. Este texto nos conduz por um fascinante percurso que vai além da mera apreciação estética, mergulhando nas raízes da arte como propulsora da evolução do conhecimento e formação cultural.
A primeira assertiva que emerge é que a arte é onipresente, uma força que transcende definições restritas. Enquanto não pode ser reduzida a um conceito único, sua presença permeia a Natureza e, de maneira notável, a própria essência humana. Somos, por assim dizer, obras de arte em constante evolução.
Diferenciando-se dos demais seres vivos, detemos a notável capacidade de transformação e conhecimento racional. Quando essa capacidade se entrelaça com elementos inventivos e criativos, somos transportados para uma esfera misteriosa que nos impulsiona a enfrentar as indagações fundamentais: “Quem somos?”, “Por que estamos aqui?”, “Somos meros produtos da evolução dos símios?”.
Estas interrogações sem respostas definitivas desdobram-se em questões mais profundas: “Por que criamos arte?”, “O que constitui uma obra de arte?”, “Qual a essência da arte?”.
A condição inventiva e criativa da humanidade se manifesta continuamente na produção artística. Para compreendermos essa produção, é crucial distinguir entre dois grandes gêneros: a arte pura e a arte aplicada.
A arte pura, ao contrário de ter uma função ou utilidade precisa, atua de maneira oculta e profunda, estimulando pensamentos, sentidos, emoções e sentimentos. A soma dessas experiências culmina na formação da cultura.
Já a arte aplicada, dotada de uma função clara, utiliza elementos artísticos para produzir algo além dela mesma. Essa distinção revela-se essencial na compreensão da diversidade da produção artística.
Ao explorarmos os três principais gêneros artísticos – música, artes plásticas e literatura –, somos guiados por uma fascinante narrativa histórica. Na música, a descoberta de uma flauta esculpida em osso na Eslovênia, datada entre 82.000 e 43.000 a.C., suscita a reflexão sobre as origens da expressão musical. A peculiaridade dessa descoberta reside na escala utilizada, próxima à escala de sete notas que fundamenta a música ocidental.
As artes plásticas, por sua vez, desvendam as pinturas rupestres de Lascaux, na França, datadas de cerca de 35.000 a.C. Essas obras pré-históricas revelam não apenas beleza, mas uma técnica impressionante que antecipa conceitos de perspectiva e profundidade, desafiando a compreensão convencional do período.
A evolução da escrita, iniciada com hieróglifos no Egito e caracteres cuneiformes na Mesopotâmia (5.500 a 4.500 a.C.), marca a transição entre Pré-História e História. Essa revolucionária forma de registro permite uma precisão até então inimaginável no compartilhamento do pensamento humano.
A escrita, embora inicialmente desprovida de caráter artístico, se transforma em arte literária, como poesia e dramaturgia, conferindo-lhe uma dimensão estética. Mesmo em formas mais simples, como revistas ou jornais, a escrita assume uma função artística aplicada.
Este mergulho na história da arte revela-se como uma viagem pelas complexidades da condição humana, onde a expressão artística transcende o superficial, conectando-se às raízes de nossa evolução cultural. O trabalho do arquiteto Edo Rocha, permeado por essa compreensão profunda da arte, reflete a riqueza e diversidade dessa jornada artística que atravessa séculos e civilizações.