Reflexões sobre o ser humano, o espaço e a arte
“Observar e gostar de escultura é como gostar de si mesmo…”
O ser humano como ponto de partida
Falar sobre escultura e arquitetura exige, sem dúvida, considerar um terceiro elemento essencial: o ser humano. Ele é o agente criador e também o parâmetro. É a partir dele que compreendemos escala, estrutura e espaço.
A natureza deu ao ser humano a referência da escala. Por meio dela, passamos a medir, quantificar e estabelecer relações com o mundo exterior. Ao observar o espaço, sentimos com nossos gestos, comparamos, dominamos e identificamos seus limites. Com isso, compreendemos a estrutura ao nosso redor e, por consequência, entendemos a nossa própria.
Assim, nasce a consciência da escala humana, dos limites do espaço e da sensação física da estrutura.
Escultura: um diálogo cultural e emocional
Entender a escultura faz parte de um processo cultural. Nesse processo, a satisfação e a compreensão entre ser humano e objeto — e vice-versa — precisam ser completas, especialmente no plano mental.
Esse jogo, ou melhor, essa relação entre o ser humano e a escultura é fundamental. Como já apontava Stanley Kubrick, trata-se de um reconhecimento mútuo, quase instintivo.
Gostar da escultura é, portanto, gostar de si mesmo. É sentir a presença do objeto como uma companhia silenciosa e expressiva. A escultura revela referências culturais, geométricas, afetivas. Cria múltiplas conexões e estabelece diálogos profundos com quem a observa.
Arquitetura: abrigo, corpo e alma
Da mesma forma, gostar da arquitetura é gostar de si. É proteger a si mesmo. A arquitetura é o espaço maior que habitamos, é a nossa roupa maior.
Ela nos oferece conforto: luz, ar, energia. Proporciona a agradável sensação do espaço interno em equilíbrio com o mundo externo.
É nesse equilíbrio que reside a beleza: no limite sensível entre ser humano, abrigo e natureza.
Um todo indivisível
Diante disso, pode-se afirmar que ser humano, escultura e arquitetura formam um todo indivisível. São elementos inseparáveis entre si e profundamente conectados à natureza.
O desenvolvimento dessa relação acompanha a evolução dos padrões culturais, os ciclos do tempo e das sociedades.
Quando sentimos esse encaixe entre escultura, arquitetura e humanidade, vivenciamos um estado de plenitude.
Essa sensação de entendimento — esse diálogo harmonioso — traz prazer e felicidade. Diante da obra que somos, reconhecemos a vida e a tornamos mais viva.